Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
Frigoríficos:trabalho de alto risco
Por Diário de Cuiabá
15/09/2012 - 16:50

Foto: arquivo
Os trabalhadores de empresas frigoríficas sofrem com as péssimas condições de trabalho a que são submetidos. Em Mato Grosso, a JBS e Brasil Foods estão sendo processadas em quatro municípios por submeter seus funcionários a condições insalubres, sem fornecer pausas e aumentando as chances de acidentes e doenças. Os dados são da matéria publicada no site Repórter Brasil, resultado de uma investigação nos frigoríficos em todo o território brasileiro, abrangendo as empresas JBS, Brasil Foods e Marfrig, as três maiores indústrias brasileiras no setor de carne bovina, suína e aves. Este é um os principais setores do agronegócio nacional, empregando mais de 750 mil trabalhadores e que exportou em 2011 US$ 15,64 bilhões. Os funcionários dessas empresas, conforme o site, geralmente trabalham em temperaturas muito baixas, que variam de 15° a ambientes abaixo de zero graus Celsius, realizando atividades que exigem movimentos repetitivos e rápidos. Isto aumenta o coeficiente de trabalhadores com Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e doenças como traumatismos, tendinites, queimaduras e até mesmo de transtornos mentais. Além disto, eles realizam suas atividades em ambientes repletos de facas, serras e lâminas em geral. Segundo classificação de ambientes de trabalho mais perigosos, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que varia de 1 a 4, as atividades em frigoríficos ficam na faixa 3, a segunda mais perigosa, atrás apenas de industrias como as de demolição e extração de minérios. Isso significa que funcionários de frigoríficos tem muito mais chances de desenvolver distúrbios de humor e lesões devido a atividades repetitivas. Analisando os números, temos os seguintes resultados (ilustrados na tabela abaixo): No abate de bovinos, ocorrem duas vezes mais traumatismos de cabeças e três vezes mais traumatismos de abdômen, ombro e braço. No abate de aves, a chance de um trabalhador desenvolver um transtorno de humor, como uma depressão, é 3,41 vezes maior. No abate de bovinos, o risco de sofrer uma queimadura é seis vezes superior. No abate de aves e suínos, o risco de sofrer uma lesão no punho ou nos plexos nervosos do braço é 743% maior. O agravante dos problemas de saúde enfrentado pela maioria dos empregados no setor é ter que realizar suas atividades em baixas temperaturas, contextualiza o Repórter Brasil. Nestas condições, a reação do corpo é contrair os músculos, exigindo mais esforço no desenvolvimento de atividades físicas. Estudos do MTE e do Ministério Público do Trabalho (MPT) mostram que um funcionário desossa no mínimo quatro sobrecoxas de frango por minuto. Para desossar uma, são necessários cerca de 20 movimentos. Ou seja, um trabalhador realiza no mínimo 80 movimentos por minuto, o triplo do indicado por pesquisas de prevenção a doenças osteomusculares (enfermidade decorrentes da sobrecarga muscular no ambiente de trabalho), que recomenda de 25 a 33 movimentos por minuto. O Diário tentou entrar em contato com as empresas e com o sindicato da categoria, mas as ligações não foram atendidas.
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