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Com poesia, somos
Por por Gonçalo Antunes de Barros Neto
09/04/2018 - 10:23

Foto: arquivo

As mudanças de paradigmas são amargas; sim, causam azedume ao paladar intelectual por trazer um sentimento nostálgico de que as coisas se foram, não voltam mais.

Somente os apaixonados extremados conseguem tirar proveito disso, surgindo o encanto, a beleza, a poesia. Poesia, do jeito que o sonho, sonhado pelos heróis, ainda a temos.

Ganhamos liberdade com novos tempos de justiça, é uma era de graça. Poesia. O não sofrer se arrasta, o não chorar está virado para o céu da vida... em cada palmo de mão, semente de felicidade. Alegria, alegria, cantaria o cantor dos mares. Ainda a temos, poesia.

Vibra alto de sua majestade, encanta aos descrentes, fugidios da normalidade. Besta fera que arranca da realidade, sonho... Da finitude, felicidade; não somos mortais. Poesia, ainda a temos.

Enxergamos melhor as estrelas, na escuridão... Quantas palavras, desprezos sem razão, seu brilho está por aí, basta se entregar... Poesia, longitudinal; anoiteceu, no céu, vejo. De tudo, tu.

Ainda a temos; ser, somos. O ano passou, chorei. Seu sorriso tem motivo, compaixão. Indo pelo ar, cheio de encanto a trilhar; agora, com você, sorri largo. A vida encena. Poesia, ainda acalenta.

De sobrenome, alegria, o que restou de suas letras. Apostei todas as cartas. Temos a melhor lembrança. Eu também já fui rei, todo menino o é. Nos meus tempos de menino, sonhei, contigo fiquei, só, sem reinado. Poesia, rainha...

Em cima do mar, naveguei. Contigo sem dor, na espuma das ondas, sobreviverei. É você, tenho certeza, assim não falta - momentos de paz-. No vento que carrega as chagas, de nostálgica hora, está faltando alguma coisa, não mais em mim. Mas alguém se foi... menos a letra, versada, seu momento não tem igual. Poesia, na sedução; redentora.

Com a liberdade, no fundo, somos vaidades. Por um segundo de amor, arbítrio pra se viver. Estou concentrado, você está aqui; a perseguir, estou desconfiado, não haverá despedida, vou te animar. Poesia, o jogo não é fechado, é igual. 

De sorte, o tempo é normal, conta-se; o espaço que se mede, não. Seu nome é obsceno e espalhado em todo lugar, um conto que não quero, somos imortais no destino. Tudo que se quer é um abraço, pra sempre e acalorado, nos braços. Tudo passa, fica em ‘web’.  Poesia...

Se a pressão em opressão atingir o coração, é bobagem, antídoto de crises. Elas findas, poesias ao vento, sangram os valentes. Apaixonada, não faz pecado, mas arte a fazer bater no peito uma vontade de mais viver, de doar. Não mais contarei o tempo, um só verão, um só inverno, um só venturoso sol.

De todas as belezas, você é a mais inspiradora, panaceia de todas as sombras. Se fugires por um passo, te dou mais dois de frente. O procurar-te me faz mais, sempre mais. Afinal, a poeira, deixada pelo passar das nuvens, cura as feridas, cicatriza as injustiças, purifica o que se avizinha. É por aí...

GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO é juiz em Cuiabá

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