Com mais de 100 mortes vítimas da Covid-19 e quase 46% de ocupação dos leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) em Mato Grosso, o secretário de Saúde, Gilberto Figueiredo, prevê que o colapso no sistema pode ocorrer antes do esperado. Ele lembra que a infecção está acelerada, atingindo a todos.
Dos 240 internados por causa da doença, a maioria, 122 está na UTI, o que demonstra a gravidade da Covid-19. Para o secretário, “conforto não existe mais e o número de pessoas que precisam de atenção hospitalar é muito grande, vão faltar leitos”.
Ao todo, são mais de 4 mil pessoas infectadas em todo o Estado e o secretário fez um apelo, em entrevista à Rádio Mega FM na manhã dessa segunda (8), para que a população colabore. “É mais recomendável que fique em casa, use máscara e pare de fazer festa como a gente percebe que tem muitas pessoas que estão banalizando, achando que não vão ser afetadas”.
A disseminação da doença tem sido rápida e, em menos de 6 meses desde o primeiro caso na China, o vírus já era considerado uma pandemia. “O principal condutor do vírus são as pessoas e se elas não entenderem isso, nós podemos triplicar o número de UTIs que ainda não será suficiente", argumenta o secretário de Saúde.
Ele lembrou da importância da gestão de Saúde em Cuiabá, pois a Capital começa a receber pacientes de outros municípios. Isso se deve ao colapso em hospitais do interior, como Sinop, Sorriso e Cáceres onde não há mais leitos de UTIs disponíveis.
Gilberto voltou a criticar a gestão de Emanuel Pinheiro (MDB) e considerou “preocupante a ausência dos leitos previamente pactuados. Nós temos aqui o caso especial em Cuiabá nenhum leito foi disponível no próprio Hospital São Benedito”.
Considera que Cuiabá não cumpriu com o que teria sido pactuado junto ao Ministério da Saúde. “Os leitos anunciados no plano de contingência de Cuiabá e habilitados no ministério estão dentro desse contexto do quadro que calculamos a taxa de ocupação. Se não forem disponibilizados, vamos colapsar mais cedo do que o que se imagina”.
Ainda não é o pico
Segundo Gilberto, a colaboração do Ministério da Saúde não tem sido eficiente. Ele afirma que foram disponibilizados somente 10 leitos de UTI pelo governo federal para todo o Estado, mas não veio respirador que é item essencial no tratamento de pacientes com quadros graves da Covid-19. A doença afeta os pulmões e os pacientes precisam da respiração mecânica.
Mesmo já sendo preocupante, a situação deve ser agravar em poucas semanas. De acordo com o secretário “a pandemia ainda não está no pico no país e não dá para esconder que aqui em MT ainda teremos dias difíceis. Em que pese há poucos dias tínhamos taxa ocupação baixa, estávamos situação um pouco mais confortável em relação a outros estados, esse conforto não existe mais”.
Alertou que os casos de Covid estão crescendo “em velocidade muito grande e o número pessoas necessitando de uma unidade hospitalar é enorme nesse momento e vai faltar leitos. E faltando leitos, aí a agonia maior da população".
Se continuar o ritmo de crescimento da infecção, diz Gilberto, “e as medidas não farmacológicas não forem respeitadas pela população em geral, não estamos muito longe de ter um colapso na rede hospitalar”.