Pai de aluno do IFMT desabafa sobre transporte escolar
Por Antonio Frederico
30/06/2013 - 14:40
Sou pai de aluno e escrevi este texto para registrar minha indignação com a situação do transporte escolar do IFMT e com a forma que está sendo tratado o problema pela direção da escola.
O mesmo texto enviado para a imprensa local foi enviado para o Ministério Público Federal para que sejam tomadas providências urgentes.
Em primeiro lugar é importante esclarecer que o compromisso de um jornalista é divulgar os fatos e não manipular as informações. O que me fez escrever este texto foi exatamente isso: a jornalista do IFMT fez uma matéria sobre a manifestação dos estudantes, mas com erros bárbaros do ponto de vista da verdade dos fatos (o que fere o princípio da ética profissional).
Vou apontar alguns pontos que considero omissão, ou manipulação, que deixam a matéria incompleta e inverídica:
Primeiro: A assessoria de imprensa do IFMT omitiu um dado importante para ajudar o leitor a entender o que está ocorrendo, que é o nome da empresa. A empresa responsável pelo transporte escolar é a Viação Planalto, aquela dos ônibus velhos, branco e verde, que volta e meia encontramos quebrados em algum canto da cidade. A Viação Planalto faz o transporte de forma “legal”, atendendo a um edital do IFMT, onde se compromete a oferecer o transporte escolar de forma ininterrupta, a preços justos e com segurança, o que não está cumprindo. Mas por que motivo o nome da empresa foi poupado? (algum acordo entre o dono da empresa e a direção?). Divulgar o nome da empresa pode ajudar pais e demais leitores a entender a reivindicação dos alunos quanto a segurança e qualidade do transporte, afinal muita gente já andou naqueles ônibus caindo aos pedaços, fretados por empresas, igrejas e outras instituições.
Segundo: A matéria escrita pela assessoria de imprensa do IFMT não cita que foram os alunos que convocaram o diretor da escola e o dono da empresa para conversar. Sou pai de aluno e estava lá no dia da manifestação. Vi e acompanhei de perto até o final da manifestação. Os alunos chamaram o diretor para conversar, mas ele não se deu ao trabalho de sair do seu gabinete. O filho dono da empresa foi lá com a Polícia Militar (duas viaturas), na tentativa de mandar abrir os portões. Os alunos foram irredutíveis, não cederam, e como não estavam fazendo nada ilegal, a polícia apenas registrou o que estava ocorrendo e foi embora. O filho dono da empresa ficou lá por mais de uma hora observando de longe. Depois resolveu se apresentar aos alunos e aceitou para conversar. Mas não resolveu nada ali, só ouviu os alunos e disse que tinha que conversar com o diretor da escola.
Terceiro: A assessoria de imprensa do IFMT também não disse que, além do diretor da escola não aceitar conversar com os alunos, a Polícia Federal foi chamada para desbloquear os portões. Depois que os alunos conversaram com o filho do dono da empresa e viram que o diretor não ia até o portão, então resolveram ir até a sala do diretor (alguns alunos). O diretor se negou a recebê-los e mandou dizer, via assessoria de imprensa, que ia se reunir no dia seguinte com o dono da empresa, mas apenas com o dono da empresa, que não permitida a participação de alunos na reunião, e só depois informaria aos alunos sobre o resultado da reunião. Quando a jornalista cita na sua matéria que "Como alternativa para a solução do impasse, a direção do IFMT tentou mediar um contato com a empresa e agendamento de uma reunião entre alunos e alguns pais presentes para esta sexta-feira (28.06).", ou que "A direção da escola assumiu o compromisso de mediar à relação entre pais e alunos com a empresa e buscar outras alternativas para a resolução do problema.", além de faltar com a verdade sobre a postura da direção, que foi totalmente contrária ao que ela escreveu, tenta manipular a opinião do leitor, passando a imagem de um diretor preocupado com o transporte escolar e que está se empenhando para resolver o problema. E na mesma matéria cita a fala contraditória do diretor afirmando que o transporte não é atribuição da escola.
Fica aqui algumas dúvidas: Porque a assessoria de imprensa da escola escondeu o nome da empresa e omitiu outras informações importantes? Quem estão querendo proteger sonegando informações ou passando informações distorcidas? Porque a direção disse que o transporte não é obrigação da escola e se negou a receber os alunos na quinta-feira, dia da manifestação, mas disse no mesmo dia que ia se reunir apenas com o dono da empresa, sem a participação dos alunos? Será que tem alguma coisa a esconder dos alunos sobre o acordo entre a direção e o dono da empresa? Tem a intenção de proteger o dono da empresa? A troco de quê? E por que o dono da empresa não participou da reunião entre os alunos, alguns pais, um monte de funcionários da escola e o diretor?
Diante dos fatos e da tentativa de manipulação da opinião pública pela assessoria de imprensa da escola (que do ponto de vista da ética profissional é perfeitamente questionável), diante da postura do diretor da escola, diante da retaliação da empresa que assumiu o compromisso pelo transporte escolar e agora, como forma de castigo aos alunos pela sua manifestação, interrompeu o serviço de transporte escolar, diante da inércia do poder público cacerense – nas três esferas de governo – que sempre tratou com descaso a questão do transporte para os alunos do IFMT, desde a criação da escola nos anos oitenta, solicito a atuação do Ministério Público Federal para averiguar todos os contratos e acordos que a escola e sua direção mantém com a empresa Viação Planalto, que sejam fiscalizadas as condições do transporte escolar, que sejam fiscalizados todos os contratos e acordos firmados entre a direção da escola e a empresa. E que o Ministério Público Federal acompanhe a negociação entre alunos, pais, escola e empresa, para garantir o transporte escolar com qualidade e preço justo. Transporte escolar é um direito e precisa ser garantido aos alunos do IFMT.
Espero que a imprensa cacerense faça seu papel com isenção e publique meu desabafo.
obrigado
Antônio Frederico