Presos transferidos de Cáceres foram torturados em P.Lacerda, denunciam familiares
Por Jornal Expressão
04/08/2013 - 12:36
Um grupo de 25 presos transferidos da cadeia pública de Cáceres teria sido espancado e até torturado por agentes prisionais de Pontes e Lacerda. Pelo menos dois tiveram costelas e dedos fraturados, além de cabeças raspadas, durante o frio de menos de 10 graus, registrado na cidade, entre os dias 18 e 22 de julho. A denúncia foi feita ao Jornal Expressão por um grupo de mães e mulheres dos detentos. O juiz da Vara de Execuções Penais de Cáceres, Jorge Alexandre Martins Ferreira, disse que, pelo menos, um preso ouvido, confirmou as agressões. Contudo, segundo ele, não apresentou provas.
A juíza diretora da cadeia de Pontes e Lacerda, Aletéia Assunção dos Santos, não foi encontrada para falar sobre a denúncia. A informação no Fórum da comarca é de que ela está participando de um curso em Cuiabá. Diretor do presídio, Junior de Oliveira Cruz, diz que as informações não procedem. “Isso (o espancamento e tortura) não aconteceu. Essas mulheres estão 'armando esse circo todo' porque querem que os presos voltem para Cáceres. Elas sabem que aqui, eles não poderão fugir. A cadeia é revestida com chapa de aço” afirmou Júnior.
Os presos foram transferidos da cadeia de Cáceres para de Pontes e Lacerda, em dois grupos, nos dias 18 e 19 de maio. A transferência foi determinada pelo juiz Jorge Alexandre, devido à superlotação da unidade prisional. Foi projetada para abrigar 360 presos, estava naquele período com 417.
De acordo com relatos das mães e esposas dos reeducandos, elas foram informadas das agressões por um detendo que foi colocado em liberdade, depois que estava em Pontes e Lacerda. Elas não revelam o nome do ex-detento temendo represália. “Se falar (o nome), eles acabam com ele”, diz J.M mãe de um dos presos, supostamente espancados, acrescentando que “as informações são de que, um deles apanhou tanto que não conseguia levantar sozinho da cama”.
“O meu filho errou e está pagando pelo que fez. Mas, não é justo que depois de preso ainda seja espancado” completou.
E. S, esposa de outro disse que “o meu marido teve duas costelas quebradas e um dos colegas quebrou um dedo da mão quando tentou se defender do espancamento”. Também esposa, A.B disse que, além do espancamento e terem a cabeça raspada, durante o frio que se registrou nos últimos dias, a direção da cadeia não permitiu a entrada de toalha, cobertor, alimentação e tampouco produtos de higiene e limpeza.
Presos de mau comportamento
O juiz da Vara de Execuções Penais de Cáceres, Jorge Alexandre Martins Ferreira, informou que determinou a transferência dos presos em razão da superlotação da cadeia. Disse que ela foi projetada para abrigar 360 reeducandos e estava com 417. Explicou que, existe em tramitação uma Ação Civil Pública para interdição da unidade prisional e que por isso, o limite de ocupação não pode ultrapassar a 360 detentos.
O juiz disse que, o critério para transferência foi pelo comportamento dos presos. “Foram selecionados para transferência, os presos já condenados e de mau comportamento na unidade” disse lembrando que, determinou a transferência depois da descoberta de um túnel em uma das alas do chamado cadeião.
Os presos, conforme o juiz, foram transferidos para as cadeias de Pontes e Lacerda e Araputanga. Em relação ao suposto espancamento e tortura, ele disse “se realmente aconteceram as medidas cabíveis devem ser tomadas pelo juiz daquela comarca”.
Diretor confirma que presos tiveram cabeça raspada
O diretor admite que os presos tiveram a cabeça raspada. “Eles tiveram a cabeça raspada sim. Esse é um procedimento adotado na unidade, por causa do alto índice de caspa e piolho que se verifica na unidade. É uma medida de saúde”.