Em nove meses, mais que dobrou o número de presos com tuberculose na Penitenciária Central do estado, localizada em Cuiabá. A quantidade passou de 56 em junho do ano passado para 120 infectados, segundo o último levantamento da Secretaria de Saúde do estado. Outros 20 detentos do Centro de Ressocialização de Cuiabá, conhecido como Carumbé, e 30 reeducandas do presídio feminino Ana Maria do Couto também estão com a doença.
A mulher de um dos presos do Carumbé afirma que o marido foi transferido da PCE para lá depois de contrair a doença três vezes. "Ele estava com disenteria. Se eu deixasse meu marido aí no Pascoal Ramos ele ia morrer. Então, consegui transferi ele.... e hoje ele se encontra bem", declarou.
Em contato com o marido, ela também contraiu a doença. A mulher afirma que as visitas na penitenciária ocorrem em uma ala onde todos os presos com tuberculose ficam juntos. “Um cubículo com um monte de pessoas com o vírus da tuberculose. Ali eles recebem visita”, denunciou.
Por ser uma doença contagiosa que se espalha principalmente em ambientes fechados, a norma do Ministério da Saúde é que toda vez que um caso é identificado, as pessoas que tiveram contato direto com o doente nos últimos dias também precisam ser examinadas por um médico.
O gerente estadual de Saúde Penitenciária, Hozano Delgado, diz que existe um trabalho para avaliar a saúde do detento. Mas reconhece que o isolamento do preso só começa depois do diagnóstico confirmado. “Se for evidenciado um sintoma característico de tuberculose, são feitos exames iniciais. E para a população que está lá dentro, constantemente essas pessoas vão até o setor de saúde. E também se evidenciado algum sintoma, são feitos exames que são encaminhados ao laboratório”, disse Delgado.
O médico Ruy Soyza Nogueira, que atua na rede pública de Saúde da capital, alerta que o vírus está atingindo as pessoas fora do sistema prisional. Em cada plantão de fim de semana, ele afirma que são de 10 a 15 novos casos confirmados da doença, em apenas uma policlínica.
“O paciente adquiriu a tuberculose e não iniciou o tratamento. Ele só para de transmitir quando começa a o tratamento. Quinze dias após o tratamento ele para de transmitir. Então, se o paciente está tossindo há três meses com tuberculose, quantos ele não contaminou?”, questiona.
O estado diz que toma procedimentos quando o preso é diagnosticado. "Assim que a gente sabe que o preso está doente, a gente avisa para que ele avise os familiares e que a gente tenha o contato desses familiares. E encaminhamos para a Secretaria de Saúde", garantiu Delgado.
Sobre o espaço em que os presos ficam na PCE, a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do estado informou que está sendo feita a manutenção das celas para que os presos tenham melhores condições de ventilação.