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'Vaca Louca':para a Famato, o momento é de investigação e não especulação
Por Marianna Peres/Diário de Cuiabá
26/04/2014 - 07:12

Foto: arquivo

Segmento aguarda laudo final de exame feito pela OIE, na Inglaterra

 
Para a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), “o momento é de investigação e, por conta disso, especulações sobre um fato que ainda não foi comprovado são desnecessárias”. O posicionamento veio por nota oficial ontem pela manhã, após o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmar que está investigando um caso de suspeita do mal da vaca louca, cientificamente chamada de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), na região de fronteira entre Mato Grosso e a Bolívia, no oeste do Estado. 

“Acreditamos na transparência dos órgãos oficiais e vamos continuar acompanhando o caso. A previsão é de que o laudo oficial seja divulgado pelo Mapa dia 30 de abril”, completou o presidente da entidade, Rui Prado. 

A cautela do segmento produtivo tem razão em existir. A doença nunca foi confirmada no Estado e é considerada a segunda maior barreira sanitária do mundo, atrás da febre aftosa e se confirmada pode gerar embargos às exportações do Estado. Mato Grosso detém o maior rebanho de bovinos do Brasil, com cerca de 29 milhões de cabeças, e as exportações de carne são um dos principais produtos da pauta local. Neste primeiro trimestre, por exemplo, os cortes bovinos foram os produtos de segunda maior movimentação depois do complexo soja. 

Diante da gravidade de um possível caso de ‘vaca louca’ e seus impactos para a economia do Estado, foi realizada uma reunião extraordinária no final da tarde da última quinta-feira, na sede da Famato, em Cuiabá, entre representantes da Famato, Fundo Emergencial de Saúde Animal (Fesa), Instituto de Defesa Agropecuária (Indea/MT) e a superintendência da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso, do Mapa. Nesse encontro, conforma nota, a Famato foi comunicada oficialmente de que o sistema brasileiro de defesa animal do Mapa e do Indea/MT estão tomando as devidas providências e ações diante de um caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) em Mato Grosso. 

“A Famato ficará atenta às investigações dos órgãos oficiais e aguardará o diagnóstico conclusivo do laboratório da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE)”. 

A SUSPEITA - De acordo com a entidade, o animal que apresentou os sintomas saiu de uma propriedade rural em Porto Esperidião (260 quilômetros ao oeste de Cuiabá), próximo à fronteira com a Bolívia. 

Conforme o Mapa, as investigações indicam que se trata de uma única suspeita de caso atípico de EEB, já que o animal foi criado exclusivamente em sistema extensivo (a pasto e sal mineral) e foi abatido em idade avançada, com cerca de 12 anos de idade. Essas são as principais características de um caso atípico de EEB, pois ocorre de forma esporádica e espontânea, não relacionada à ingestão de alimentos contaminados, como é mais comum para esta enfermidade. 

Os produtos derivados desse bovino não ingressaram na cadeia de alimentação humana ou animal e o material de risco foi incinerado. Por precaução, todos os animais contemporâneos ao caso foram identificados individualmente e interditados. 

O bovino analisado foi enviado para abate no dia 19 de março deste ano, em um frigorífico de São José dos Quatro Marcos (320 quilômetros ao oeste de Cuiabá). Durante a inspeção ante mortem, o fiscal federal agropecuário responsável pela fiscalização no frigorífico observou que havia um animal caído, ou seja, em “decúbito forçado”, deitado e com aparente desconforto neurológico. Com esse quadro, o animal não foi considerado apto ao abate de rotina, sendo direcionado ao descarte de emergência e submetido à colheita de amostras para o teste de EEB. 

O resultado dos exames realizados em laboratório nacional agropecuário detectou a marcação priônica, ou seja, deu positivo para doenças que afetam as estruturas cerebrais. 

Conforme os protocolos brasileiros foram deflagradas atividades imediatas no sentido de realizar investigação epidemiológica a campo e providências para o envio da amostra ao laboratório de referência internacional da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Weybridge, na Inglaterra, para confirmação da suspeita. 
 
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