A infraestrutura de transporte por hidrovias, canais e portos da Europa, desenvolvida desde o século XIX, é considerada a melhor do mundo e é um bom exemplo para Mato Grosso e o Brasil. Foi o que constatou o diretor de Relações Institucionais da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rogério Romanini, que participou da Missão Técnica do Movimento Pró-Logística, realizada na última semana de maio e que passou por Holanda, Alemanha e Bélgica, visitando modais como o Porto de Rotterdam (Holanda), o Porto de Hamburgo (Alemanha), canais e eclusas na Bélgica.
O Porto de Rotterdam foi construído no século XIX. É o maior da Europa e até 2004 foi considerado o mais movimentado do mundo, quando foi ultrapassado pelos portos de Singapura e Xangai, na China. Localizado no rio Nieuwe Maas, forma um delta com o Rio Reno quando desagua no Mar do Norte, levando diretamente ao centro do continente europeu. Cerca de 300 milhões de toneladas de mercadorias são transportadas por ali anualmente. Rotterdam faz parte de 500 linhas de tráfego de navios, que se conectam com cerca de outros mil portos ao redor do mundo. A título de comparação, o Porto de Santos, maior do Brasil, foi responsável por 48% do escoamento da produção de grãos de Mato Grosso neste ano até abril, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Este porto foi inaugurado em 1892 e em 2013 cerca de 114 milhões de toneladas de produtos foram embarcados por lá.
“O que notamos é que estamos muitos anos atrás dos europeus. Com uma engenharia eficiente, eles conseguiram realizar grandes obras de infraestrutura que ligam todo o continente de forma ágil. Algumas, como o Porto de Rotterdam, datam do século XIX. No Brasil as obras necessárias são ainda mais fáceis de ser realizadas, pois temos inúmeros rios navegáveis, onde a construção de hidrovias pode ser feita, diferentemente da Europa. O que nos falta é planejamento e vontade de fazer”, opina o diretor de Relações Institucionais da Famato, Rogério Romanini.
Atualmente, existem estudos para viabilizar oito hidrovias nas bacias brasileiras. Em Mato Grosso, os projetos são a hidrovia Teles Pires-Tapajós, Arinos-Juruena-Tapajós, Tocantins-Araguaia e a Paraguai-Paraná. Somente a hidrovia Juruena, via Juara, chegando até a Vila do Conde, no Pará, por exemplo, irá contribuir com uma economia anual de R$ 3,36 bilhões para Mato Grosso, segundo dados do estudo Centro-Oeste Competitivo, divulgado em dezembro pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Eclusas – Na Bélgica, o grupo visitou a Eclusa de Berendrecht, a maior do mundo e que dá acesso às docas da margem direita do Porto de Antuérpia e foi construída logo após o término da 2ª Guerra Mundial. A equipe também esteve no elevador de barcos Strépy-Thieu, localizado no Canal do Centro, também na Bélgica. A construção começou e 1982 e terminou em 2002. Já a Holanda tem a maior rede de vias navegáveis da Europa. São cerca de seis mil km de rios e canais, que conseguem atingir praticamente todos os pontos do país. As eclusas mais movimentadas chegam a ter um tráfego de 50 mil embarcações ao ano.
“O que vimos lá só reforçou o que há tempos discutimos em Mato Grosso. As eclusas são importantíssimas para facilitar o transporte de grãos via hidrovias. Nesta semana, a Câmara de Deputados aprovou o substitutivo ao Projeto de Lei (PL 5.335/2009) que obriga a construção simultânea de eclusas junto às barragens de usinas hidrelétricas. Este é um ponto que estamos cobrando há algum tempo e que irá viabilizar a navegabilidade pelos rios”, comenta Romanini.
Além do diretor de Relações Institucionais da Famato, Rogério Romanini, também participaram da Missão Logística Europa membros da diretoria e delegados da Aprosoja-MT, o deputado federal pelo Paraná, Eduardo Sciarra, o coordenador de transportes aquaviários do Dnit-GO, Carlos Motta, representantes da Cargill e empresários do setor de logística.