A burocracia está impedindo que familiares consigam enterrar um parente morto em um acidente ocorrido há três semanas em Mato Grosso. A ocorrência foi registrada no dia 20 de junho, porém até agora não foi realizada a coleta para o exame de DNA da vítima e a previsão é de que o corpo somente seja liberado em cinco meses.
Marcelo Cezar Rodrigues, de 27 anos, morreu em um grave acidente na BR-174 na região do município de Pontes e Lacerda (443 km de Cuiabá).
O acidente envolveu uma carreta carregada com madeiras e um caminhão baú que trafegava no sentido contrário. Após o impacto e o derramamento de combustível, houve um incêndio. Além de Marcelo, o motorista do outro veículo também morreu no acidente. Equipes de resgate ainda conseguiram retirar com vida uma mulher que estava embaixo da madeira.
A partir deste dia, começou a luta dos familiares para tentar reaver o corpo do rapaz e realizar a despedida.
O irmão mais velho de Marcelo, o publicitário Thiago Cezar Rodrigues, de 33, conta que a família mora em Presidente Prudente (SP), o que tem dificultado ainda mais o processo. Ele diz que ao solicitar o corpo do irmão, recebeu a informação de que não foi possível realizar o reconhecimento. Por conta disso, as autoridades solicitaram um exame de DNA.
“Nós entramos em contato com o IML (Instituto Médico Legal) e pedimos o corpo. Eles falaram que até a comprovação de que a vítima era o meu irmão, o corpo pertencia ao Estado. Isso é reposta para alguém que perdeu o filho, ou o irmão?”
Thiago conta que os familiares vieram até Cuiabá e coletaram amostras para o exame, enquanto o corpo do irmão foi levado até Cáceres (218 km de Cuiabá), onde teoricamente teria o material colhido para a realização do exame. Contudo, passados quase 20 dias o rapaz sequer teve amostras colhidas para o exame. O irmão relata que, após a coleta, o material vai para a Capital e entrará em uma fila de espera, que conta com diversos tipos de exames, inclusive o de paternidade.
“Eles nos falaram que o resultado, que normalmente fica pronto em 15 dias, leve três ou mais meses. Também não teria como fazermos os exames em clínicas particulares. Não existe sensibilidade de entender que este caso é mais urgente. Não queremos ficar acordado todo o dia e lembrar que o corpo sequer foi enterrado”.
A reportagem do Diário tentou entrar em contato com a direção do IML, porém não houve retorno.