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Entrevista: o deputado da fronteira em Brasília
Por Diário de Cuiabá
02/11/2014 - 15:18

Foto: arquivo

Representante da região oeste na Câmara Federal, o deputado federal eleito Ezequiel Fonseca diz que PP se reergueu e pede atenção à fronteira

A região oeste do Estado frequentemente é fiel na hora do voto e consegue eleger representantes tanto na Assembleia Legislativa como na Câmara Federal. No pleito desde ano não foi diferente. O deputado estadual Ezequiel Fonseca (PP) se candidatou a federal e conseguiu atrair para si o capital eleitoral do ex-deputado Pedro Henry, que cumpre pena pelo escândalo do Mensalão.

Com 90.888 votos, o progressista garantiu sua cadeira na Câmara Federal e mostrou mais uma vez a força de sua região.

Como presidente da legenda, também obteve bons resultados. Nesta entrevista, Ezequiel comemora o fato de o PP ter reconquistado, por exemplo, a vaga de vice-governador do Estado, perdida após a criação do PSD, para onde migrou Chico Daltro.

Ezequiel fala ainda sobre como vai ser a participação do PP no governo de Pedro Taques (PDT) e sobre a possibilidade dele assumir uma secretaria no governo do pedetista, como se tem cogitado nos bastidores.

DIÁRIO - Qual a sua avaliação sob o pleito deste ano, com o PP sob seu comando?

EZEQUIEL FONSECA - Minha avaliação é de que o Partido Progressista vinha de uma crise que se deu após a criação do PSD. Perdemos lideranças para esse novo partido. Mas começamos a oxigenar o partido, buscar novas lideranças e, a partir daí, tivemos a oportunidade de ter um grande crescimento. Nestas eleições lançamos candidatos a deputados estaduais, federais e a vice-governador.

Tivemos êxito com o nosso federal, tivemos êxito com o nosso vice-governador e tivemos a oportunidade de ter o primeiro-suplente da nossa chapa para deputado estadual. Acho que avançamos bastante, tendo em vista que o partido tinha ficado com apenas dois deputados estaduais e um federal, quando o Pedro Henry acabou perdendo o seu mandato.

Temos novamente a vaga de deputado federal e recuperamos a vaga de vice-governador. E agora esperamos que o professor Adriano [Silva] possa assumir, como primeiro suplente, uma cadeira na Assembleia Legislativa. Por isso a minha avaliação foi positiva. O partido perdeu grandes líderes, mas também buscou novos quadros.

DIÁRIO - O PP e representantes da região oeste devem compor o staff do governador eleito Pedro Taques?

FONSECA - Acredito que sim! Nós tivemos nesta eleição um compromisso bastante grande com o governador Pedro Taques. Ele tinha 9% [das intenções de votos] quando iniciou a campanha [na região oeste]. Terminamos chegando a 59%, um número bastante alto, um percentual que veio crescendo a cada dia e tudo isso nós sabemos que é força do trabalho dos vereadores, dos prefeitos e das lideranças políticas da região que abraçaram essa causa.

Como estamos aqui há 30 anos, conhecemos os políticos e as lideranças, nós entramos fortemente na campanha do senador Pedro Taques, mostrando à população da região a importância de elegê-lo.

Além disso, fizemos compromisso: melhorar rodovias; a saúde; a educação; compromisso de melhoramento e mais recursos para os municípios. Enfim, foram vários compromissos que fizemos junto ao Taques. Por isso eu acredito que tem toda a possibilidade dessa região ter gente trabalhando no governo. Cito, por exemplo, o Lair Mota, que já foi convidado pelo governador para fazer parte do seu staff.

Eu mesmo sou um exemplo. No governo de Blairo Maggi (PR) eu fui secretário-adjunto de Educação e nós conseguimos levar várias obras para a região. Por isso, eu defendo vários nomes da região no governo Pedro Taques. Inclusive, ele sempre disse: "quem ajuda a eleger, ajuda a governar". E nós esperamos isso!

DIÁRIO – Qual foi o compromisso feito entre o PP e Taques?

FONSECA - Compromisso de que a região estava esquecida de ações do governo do Estado. Por três ou quatro vezes em que estive com o senador Pedro Taques, quando ainda era pré-candidato a governador, colocávamos claramente que a região precisava melhorar o atendimento em saúde pública, que estava mal; compromisso com a Unemat; compromisso de uma ligação de rodovia entre Cáceres e Tangará da Serra; compromisso com o Porto de Santo Antônio das Lendas; melhora nas rodovias estaduais que já estavam com buracos – e que, ao invés de consertar, foram pioradas por empresas contratadas pelo atual governo. Além disso, problemas que aconteceram com as prefeituras, que não tinham nenhuma ajuda do governo. Foram esses os compromissos que nos levaram a apoiar Pedro Taques.

DIÁRIO – Muitas promessas foram feitas. Mas já se sabe que o governo do Estado não passa por uma condição financeira muito boa. Há possibilidade de cumprir tudo o que foi prometido?

FONSECA - Foram feitas muitas promessas, mas todas dentro do possível. O governador Pedro Taques foi claro em dizer que ele iria cuidar em especial da área social, que era fazer com que a saúde funcione e que seja feito um grande trabalho na educação. Inclusive, revendo esse modelo organizado em ciclos.

O governador também falou da melhoria em segurança pública, tão importante para a minha região, que faz fronteira com a Bolívia. O governador também falou sobre a necessidade de fortalecer a agricultura familiar e toda a área social.

Eu acreditei nele, pedi voto e agora temos que fazer as cobranças.

DIÁRIO – Seu nome foi citado como um dos cotados para assumir a Secretaria de Educação. O senhor deve ficar à frente dessa Pasta?

FONSECA - Eu vi isso pela imprensa. Em momento algum conversamos com o governador Pedro Taques sobre esse assunto. Queremos contribuir com Mato Grosso como deputado federal. Foi por isso que saí pedindo voto e fui aprovado pela população. Vou exercer o meu mandato de deputado federal. Então, penso que vou ser muito mais útil em Brasília ajudando o nosso governador.

DIÁRIO - Na atual legislatura, a região oeste tem três representantes na Assembleia Legislativa. A partir do ano que vem passa a ter somente dois. Qual a sua avaliação?

FONSECA - Nós perdemos um deputado estadual, tendo em vista que nós temos neste mandato que estamos terminando os deputados Antônio Azambuja (PP), Airton Português (PSD) e eu... Tínhamos também um deputado federal, que acabamos ficando sem, que era o deputado Pedro Henry. Agora nós fizemos dois deputados estaduais e um federal.

Na minha opinião, nós cometemos um erro político e a política não aceita erros. Nós cometemos esse erro e estamos pagando com a perda de um deputado estadual. Esperamos que o Adriano Silva (PP), que ficou como primeiro-suplente desta região, ocupe uma cadeira da Assembleia Legislativa. Assim temos a possibilidade de ficar com três deputados estaduais novamente. Aí teremos a oportunidade de ter o deputado Doutor Leonardo, de Cáceres, Wancley Carvalho, de Pontes e Lacerda, e Adriano, também de Cáceres, todos na Assembleia, e eu na Câmara Federal.

DIÁRIO - O que o senhor acha que é preciso para melhorar a representatividade de cada região? O voto distrital pode ser a solução?

FONSECA - Vou continuar lutando para que nós tenhamos o voto distrital. Com isso, nós garantiremos a representação regional. E dentro do governo teremos uma representação que garanta os recursos, tendo em vista a possibilidade de se ter um número maior de deputados estaduais. Isso vale também para a Câmara Federal: quanto maior a força política, mais recursos para a região.

DIÁRIO - O senhor esperava os mais de 90 mil votos recebidos ou foi uma surpresa?

FONSECA - Não tenha dúvida de que toda eleição traz uma preocupação e um novo cenário. Nós tínhamos alguns pontos positivos e alguns negativos.

Entre os negativos, cito a questão das rodovias. Nós recebemos muitas críticas por conta das condições das MTs, por mais que cobramos do governo e lutamos por melhorias. Tanto eu, o deputado Português e o Azambuja, juntos conseguimos R$ 40 milhões para recuperação delas. Mas, acabou não acontecendo.

A solução que nós encontramos foi fazer oposição ao governo e passamos a apoiar Pedro Taques. Mas, entendo que o resultado final de 90.888 votos foi uma votação expressiva.

Imaginávamos que eu chegaria a 80 mil votos. Trabalhei para isso e tive uma surpresa de receber, pelo menos, 10 mil votos a mais. Por isso, quero agradecer a Mato Grosso e principalmente à minha região - só nela foram 47 mil votos. Foi um número expressivo e eu fiquei muito feliz.

Agora quero trabalhar muito para ajudar a resolver os problemas do nosso Estado. A região oeste é uma área de fronteira. Precisamos cuidar melhor da nossa fronteira. Também quero trabalhar pela agricultura familiar, pela educação e na saúde.

DIÁRIO - Há uma reclamação generalizada de que o governo Silval não ajudou os deputados estaduais a prestarem um bom serviço à população. O que o senhor espera como deputado federal?

FONSECA - Com o advento da Copa do Mundo, o foco do governo de Silval Barbosa (PMDB) se voltou para Cuiabá e a Baixada Cuiabana. Com isso, o interior acabou tento um prejuízo porque os investimentos foram canalizados aqui na Capital.

Neste sentido, o governador Pedro Taques visitou todos os municípios do Mato Grosso, junto com o vice-governador [Carlos Fávaro], que é da Aprosoja, que conhece os problemas. Então, eles têm a compreensão de que o interior ficou esquecido.

No governo de Silval Barbosa o foco foi a Copa do Mundo. No governo do Taques eu espero que o foco seja em saúde, estrada e educação. Por isso, estou convicto de que, como deputado federal, nós teremos um grande apoio do governo do Estado, investindo nessas áreas que são prioritárias.

Penso que nenhum deputado vai ser bom se o governo é ruim. Assim como nenhum vereador vai ser bom se o prefeito for ruim. É um conjunto de coisas que andam juntas.

DIÁRIO - A população da região oeste é muito fiel aos políticos de lá. Mas, ainda é muito carente de serviços públicos e desenvolvimento. O que o senhor pretende fazer para ajudar a mudar esse quadro?

FONSECA – Nós, agora, neste novo pleito de deputado federal, vamos lutar muito para uma varredura fundiária naquela região. O desenvolvimento muitas vezes não chega por causa da questão fundiária.

Eu entendo que também é necessário dar mais atenção à área de fronteira. Quero fazer parte da comissão de desenvolvimento de fronteiras e cobrar do governo federal, para que nós possamos ser uma área de efetivo desenvolvimento. Além do trabalho pela saúde, segurança e educação.

DIÁRIO – Nacionalmente, o PP é conhecido pela defesa do agronegócio no Congresso. Essa será sua bandeira?

FONSECA - Também, Mato Grosso é movido, em sua grande parte, pelo agronegócio. Mas, vou fazer isso sem esquecer que a agricultura familiar precisa acompanhar o desenvolvimento do agronegócio. Por isso nós estaremos fazendo parte da Comissão de Agricultura, para dar o apoio necessário ao agronegócio, sem esquecer os 150 mil que sobrevivem da agricultura familiar.

 

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