Diariamente o Centro Integrado de Operações em Segurança Pública de Mato Grosso (Ciosp-MT) recebe, emCuiabá, pelo menos duas mil ligações através dos números de emergência. Em 2014, os números do Ciosp – 190 (Polícia Militar), 193 (Corpo de Bombeiros) e 197 (Polícia Civil) – receberam 653.355 mil denúncias de roubo, mortes e outros. Desse total, 102.416 mil ligações foram trotes, o que representa 15,67% das denúncias.

Os dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp-MT) apontam que as crianças lideram o ranking das falsas ocorrências (trotes). Elas são responsáveis por 64.208 mil dos trotes recebidos no último ano. Segundo o coronel da Polícia Militar, Joelson Sampaio, a maioria das ligações é feita por meio dos telefones públicos (orelhões) instalados nas escolas. “As crianças aproveitam os horários de intervalo, entrada e saída da aula. Esses são os períodos que mais registramos trotes”, contou.

O coronel também pontua que o período de férias o número de ligações deste tipo diminui. “Nos meses em que elas [crianças] entram de férias ficam envolvidas com outras coisas e quase não se registra trotes praticados por crianças”, enfatizou.

Os adultos também são responsáveis por falsas ocorrências. Pelo menos 38.208 mil chamadas foram feitas por adultos na capital, no último ano. Para Sampaio, os trotes atrapalham o trabalho da PM e também gera desperdício de dinheiro em busca de um caso que não ocorreu. “Esse é o trote criminoso. O praticado por crianças também é reprovável, mas este [trote de adultos] gera movimentação da estrutura do estado, veículos, homens e configura crime”, explicou.

Outro prejuízo, alertou Sampaio, é deixar de atender ocorrências verdadeiras e que necessitam desse atendimento para estar atrás de um caso que é trote. O coronel Joelson Sampaio explica que os trotes feitos por adultos são de celulares e mais difícil de ser identificado. “Esses geram as ocorrências falsas em que há deslocamento de policias e viaturas”, enfatizou.

Ainda segundo o coronel, a Polícia Militar iniciou ainda em 2014 um trabalho de informação nas escolas públicas de Cuiabá e Várzea Grande, região metropolitana. “O projeto visa trazer as crianças para visitar nossos espaços e conhecer nosso trabalho. Ver como é grande nosso trabalho e esforço”, contou.

Caso
Há dois anos, um caso de falsa ocorrência foi registrado pela PM e movimentou um grande aparato de policias na capital. Na época, a informação recebida – via número de emergência – de que quatro homens fortemente armados com uma pistola ponto 40 e granadas teriam invadido um edifício, na Avenida Isaac Póvoas, uma das mais movimentadas da capital e feito quatro pessoas de reféns. Mas tudo isso não passou de um trote.

De acordo com informações divulgadas na época pela Secretaria de Segurança pública (Sesp), um aparato com aproximadamente 50 policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Ronda Ostensiva Tática Móvel (Rotam), do Batalhão de Trânsito (BPMTran), além de viaturas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), do Corpo de Bombeiros e uma aeronave da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) foi mobilizado na ocasião. No entanto, após acompanhamento e vistoria em todo o prédio, os policiais constataram que a ocorrência era inverídica.