Inúmeras obras públicas em Mato Grosso, contratadas com recursos federais – através de convênios com os municípios ou mesmo diretamente pela União -, estão paralisadas por falta de pagamento. Além dos prejuízos materiais, esse quadro de indefinição vem causando um grave problema social e econômico nas cidades. O alerta foi feito pelo senador Wellington Fagundes (PR-MT), durante pronunciamento da tribuna do Senado Federal, ao comentar a sanção presidencial à Lei Orçamentária de 2015.
Wellington relatou que muitas cidades do Estado estão enfrentando problemas sérios na manutenção de serviços por causa das obras paralisadas pelas empreiteiras que estão sem receber recursos do Governo Federal. A situação persiste, principalmente, ao longo da BR-163, na parte que deveria estar sendo duplicada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), entre Rondonópolis, no Sul do Estado, e Cuiabá, na Capital.
“Recebi a ligação de um prefeito, dizendo-me que até cesta básica está tendo de fornecer. Os funcionários que foram demitidos têm a expectativa de voltar e, com o desemprego, acabam tendo problema para sustentar a família. Então, passa a ser também um problema social” – explicou.
Na avaliação do senador, toda obra paralisada traz prejuízos e deixá-las inconclusas pode inviabilizar sua continuidade. Para refazer essas obras, ele observou, muitas vezes acaba custando mais caro ainda. Não bastasse isso, ele enfatizou, há casos de desmantelamento das empresas menores que dependem desses recursos. Nesse sentido, o republicano pediu sensibilidade por parte da equipe econômica para estimular a manutenção dos postos de trabalho.
Na quarta-feira, dia 29, o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, deverá comparecer à Comissão de Infraestrutura do Senado. A expectativa, segundo Fagundes, é de que o ministro apresente soluções principalmente para essas obras contratadas, especificamente da BR-163.
“Daqui a pouco, vai chegar o momento em que, contratualmente, a concessionária já vai poder e querer cobrar o pedágio, e, é claro, a população não vai aceitar” – disse. Estamos aqui para advertir e demonstrar solidariedade ao povo, caso não haja uma estrada de qualidade onde pagar o pedágio”.
Para Wellington, o Governo Federal deve gastar os recursos com sabedoria e, principalmente, direcionando o foco para obras já iniciadas. “Tenho conversado muito com os prefeitos, que têm nos procurado. Neste momento, não adianta buscarmos novas obras. Temos que buscar concluir as obras em andamento. Isso é economicamente muito mais viável para o País” – enfatizou.
GREVE DOS CAMINHONEIROS
Wellington Fagundes também demonstrou preocupação com a greve dos caminhoneiros. Em sua avaliação, o problema é em parte causado pelo estímulo que o Governo Federal deu à indústria automobilística nos últimos anos. Nesse cenário, segundo ele, houve uma compra desordenada de caminhões e agora, com o excesso de oferta de fretes, não há volume de carga suficiente para suprir a demanda. Isso leva à inadimplência dos financiamentos, o que também é grave.
— A concorrência é predadora, o que causa dificuldade para quem comprou os caminhões – alerta.
O senador também pediu que a equipe econômica promovesse o diálogo com a categoria, para que a população não seja prejudicada e não ocorra desabastecimento ou paralisação da indústria.