Há quase um ano terminou o prazo para que os prefeitos de todas as cidades brasileiras dessem um ponto final aos seus lixões a céu aberto. Entretanto, ainda hoje os gestores municipais tentam se adequar ao Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Já em Brasília, a Câmara dos Deputados analisa uma proposta do Senado (PL 2289/15) que altera a Lei 12.305/10 para prorrogar o prazo para que estados e municípios façam a coleta e a destinação, de forma ambientalmente correta, dos resíduos orgânicos, dos materiais recicláveis e dos rejeitos.
Em Cuiabá, onde são produzidas mais de 500 toneladas de lixo por dia, medidas como readequação do aterro sanitário e a gradativa implantação da coleta seletiva vêm sendo adotadas na tentativa de se ajustar ao plano nacional. Mas, neste último caso, por exemplo, somente cerca de 20 bairros da capital contam com a medida, que visa a auxiliar a população a descartar de forma correta o lixo doméstico.
O resultado são bolsões de lixos espalhados pelos mais diversos cantos da cidade, inclusive em córregos que deságuam no Rio Cuiabá, que por sua vez leva os entulhos para o Pantanal. A reportagem do Diário tentou falar com o secretário municipal de Serviços Urbanos, José Roberto Stopa, sobre o assunto, mas não conseguiu.
Cidade vizinha à capital, Várzea Grande também tenta recuperar o tempo perdido. Por lá são geradas diariamente cerca de 190 toneladas de resíduos urbanos, que são levadas para uma área intitulada pela administração municipal como “aterro controlado”. O local, considerado por populares como um verdadeiro lixão, fica às margens da BR-070, próximo ao Trevo do Lagarto.
Assim como na capital, Várzea Grande enfrenta descarte de lixo irregular, a exemplo do que ocorre às margens do Rio Cuiabá, próximo à localidade conhecida como Carrapicho e trechos da Avenida Walter Santana, na região do Cristo Rei. “Hoje, o aterro controlado só recebe resíduo urbano, nada de lixo hospitalar, não há queima e é tudo devidamente coberto”, observa a secretária municipal de Meio Ambiente, Helen Farias Ferreira.
Segundo ela, o município trabalha para atender o plano nacional antes do novo prazo que vem sendo proposto. Ela lembra que Várzea Grande compõe a Região Metropolitana e, por isso, vem discutindo as soluções junto com a Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana, composta também por Cuiabá, Santo Antônio de Leverger e Nossa Senhora do Livramento. “As soluções serão propostas e feitas de maneira consorciada”, destacou.
Ela garante ainda que já deu início a algumas ações, como a formalização de uma cooperação técnica com associação de catadores para coleta seletiva e de educação ambiental junto à população da cidade. “Tudo demanda tempo, tem que ter estudo de impacto ambiental, licença, mas estamos trabalhando para que tudo aconteça antes do [novo] prazo”, reforçou.