Um ex-pastor da Igreja Pentecostal, identificado como Josemar Ribeiro de Souza, vulgo “Carreirinha”, 35 anos, foi preso pelos agentes policiais civis da cidade de São José do Rio Claro (distante 240 km de Cuiabá) na madrugada desta sexta-feira (03) sob a acusação de roubar e assassinar pelo menos quatro idosos no pequeno município localizado a 800 quilômetros ao norte da capital.
Carreirinha estava tranquilamente hospedado em um hotel no momento em que os agentes o surpreenderam. Mesmo afastado da congregação fundada nos anos 1960, ele continuaria fingindo-se de líder religioso para conseguir a confiança de suas vítimas, de acordo com o que apontaram as investigações conduzidas pela equipe da Delegacia da Polícia Civil de Guarantã do Norte (715 km da capital). A preferência era sempre por idosos, pessoas simples, geralmente da zona rural no entorno das duas cidades.
O suposto latrocida obtinha empatia entre elas ao ponto destas darem a ele livre acesso à vida e às suas posses. Logo em seguida, roubava, assassinava e queimava os corpos dos idosos para não deixar rastros e, óbvio, dificultar a identificação das pessoas.
Foi seguindo o padrão de fingir-se de cordeiro mesmo sendo lobo que Josemar teria feito sua primeira vítima conhecida na região. Era dezembro do ano passado e ele apresentou-se como homem de Deus, fingiu interesse na compra do motor de um barco que José Antonio Pires pretendia vender. Segundo a polícia, obteve dele tanta confiança que este comentou com seu algoz que estava juntando algum dinheiro. Conseguiu também a senha do cartão de recebimento de aposentadoria; em seguida, friamente, o assassinou dentro de sua própria casa.
Nesse primeiro latrocínio, ele deixou o corpo dentro da residência e ateou fogo em tudo. Seguiu sacando o benefício do ancião até maio deste ano.
Alguns meses depois, já em abril de 2016, conheceu o casal Antonio Romão Sorrilha e Maria Munhoz e descobriu que eles tinham R$ 100 mil guardados. Não teve dúvidas, obteve deles senhas e cartão de banco e os matou. Logo depois dos crimes, passou a movimentar a conta dos idosos, conseguindo roubar cerca de R$ 15 mil divididos entre compras, saques e transferências. Só parou porque a família descobriu e bloqueou o cartão. Foi no meio dessas movimentações bancárias que começou a derrocada do serial killer, pois ele acabou identificado pelas câmeras do banco.
Mas ele não parou por aí. Há pouco mais de uma semana, precisamente em 28 de maio passado, ele rendeu sua última presa antes de ser parado pela polícia. Desta vez agindo de maneira mais agressiva, invadiu o sítio de João Juscelino Martins da Silva, o assassinou, roubou-lhe a caminhonete Nissan Frontier e jogou o corpo na BR-163.
Uma vez mais, antes de matar, ele tomou o cartão de banco do idoso e tentou sacar o dinheiro de sua vítima, mas já estava sob monitoramento do núcleo de inteligência da Delegacia de Guarantã do Norte. Os agentes comandados pelo delegado Geraldo Gezoni Filho já sabiam que Josemar pretendia fugir para a cidade de Rio Verde, no vizinho estado de Goiás, como fizera das outras vezes. Lá, habitualmente escondia-se na casa de, segundo a PJC, uma namorada.
“Temos provas robustas que ele foi autor de todos os crimes”, afirmou o delegado, que informou também que o latrocida transferiu dinheiro da conta do casal para a conta da primeira vítima e fez o mesmo no último crime. Quando foi preso, em São José do Rio Claro, com ele foi encontrado o cartão da primeira presa e os celulares do casal e da quarta e última vítima.