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326 pessoas esperam por 'redução do estômago' em Mato Grosso
Por Midianews/Débora Siqueira
20/10/2013 - 19:17

Foto: ilustrativa
Com 66 liminares para cumprir e outras 260 pessoas na fila de espera por cirurgia bariátrica, totalizando 326 pacientes, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) deve retomar neste mês o procedimento no Hospital Metropolitano, em Várzea Grande. De acordo com o coordenador da Comissão Permanente de Gestão de Contratos da SES, Jorge Lafetá, o Estado deve repactuar o contrato com a Organização Social de Saúde (OSS) Instituto Pernambucano de Assistência à Saúde (IPAS), responsável pela administração do Hospital Metropolitano, reduzindo serviços de ortopedia de baixa complexidade para incluir as cirurgias de redução do estômago. “A Saúde é muito dinâmica e o Estado tem que se adaptar. Os hospitais credenciados antes (Júlio Muller e Geral) não quiseram realizar o serviço e ficou para o Estado, mas não tinha hospital para isso. Então, vamos repactuar com o Metropolitano para que reduza leitos da ortopedia para cirurgias bariátricas”, explicou Lafetá. Dos 66 pacientes que obtiveram liminares na Justiça, 60 deles já foram avaliados pela equipe cirúrgica e estão aptos a realizar o procedimento. Jorge Lafetá não comentou a quantidade de cirurgias por mês que devem ser previstas no contrato com o IPAS. O objetivo é zerar a fila de obesos mórbidos a espera do procedimento. São considerados aptos para a operação aqueles com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40. O diferencial é de que as cirurgias bariátricas serão retomadas por videolaparoscopia, técnica hoje apenas oferecida na rede particular e pelos planos de saúde. Pelo SUS, eram ofertadas apenas na modalidade ‘céu aberto’, em que se abria o abdome do paciente e os riscos de morrer aumenta em até 30%. O custo do procedimento é de R$ 15 mil a R$ 16 mil, contudo parte do procedimento é custeada pelo SUS e o restante será arcado pela SES. “A técnica é a melhor que existe. O Estado vai bancar isso aí para que o paciente tenha o que for de melhor, depois vamos brigar com o Ministério da Saúde para que se faça revisão da pactuação pelo procedimento”. O diretor-geral do Ipas, Edemar Costa, disse que o assunto ainda não foi discutido com o Estado e como o procedimento não constava no contrato original com a OSS, leitos precisam ser readequados para atendimento desses pacientes. “Hoje temos uma capacidade de 10 cirurgias bariátricas por mês, mas precisamos discutir o assunto com o Estado”. Por meio da assessoria de imprensa, o Hospital Geral Universitário (HGU) diz que suspendeu as cirurgias por falta de condições adequadas. A direção do hospital teria procurado apoio por meio de parcerias com Estado e município para continuidade dos procedimentos e não havia mais equipamentos necessários para o procedimento. O diretor superintendente do Hospital Universitário Júlio Müller, Elias Peres, diz que a unidade ainda continua credenciada ao SUS e interrompeu as cirurgias eletivas em 2011. “Era um risco continuar fazendo as bariátricas sem equipamentos, camas e escadas especiais. Se um paciente desse cai? A culpa é do hospital”. O Júlio Müller ofertou o serviço durante cinco anos. A técnica também era por ‘céu aberto’. Contudo, Elias Peres informou que até o final do mês vai passar a ofertar a cirurgia por vídeo, após investimentos em equipamentos. “Somos um hospital escola e temos contrato com o município, queremos continuar com o serviço”. Os riscos da cirurgia O sonho de todo gordinho é dormir obeso e acordar magro. A partir da decisão de emagrecer e mudar de vida, ele espera por resultados rápidos. Uma das alternativas é a cirurgia bariátrica, técnica que reduz o estômago. Indicada para quem tem obesidade mórbida, até mesmos os obesos de grau 2 com IMC de 35 a 39 chegam a engordar para passar pelo procedimento. Apesar dos muitos casos de sucesso, de perda de dezenas de quilos e da melhoria da qualidade de vida, há o outro lado da cirurgia bariátrica: as consequências do pós-operatório e o risco de morte. O advogado Everton Benedito dos Anjos, 34 anos, diz que sobreviveu às consequências da cirurgia por três fatores: a misericórdia divina e a dedicação da esposa Mônica e da tia, a médica Ayrdes Pivetta. “Não recomendo para ninguém. Se eu pudesse voltar no tempo não teria feito. Deveria ter procurado outra forma de emagrecer, me dedicando a exercícios e à reeducação alimentar”, conta, ao falar que a irmã mais nova, Bruna, eliminou 32 quilos com a determinação de fechar a boca e se movimentar mais. Everton sempre foi gordinho, mas, juntando ao fato de passar muitas horas sentado e ter se casado, chegou aos 163 quilos sem perceber. A gordura não o incomodava porque nunca chegou a atrapalhar a vida. Namorou, casou, se tornou um profissional respeitado e tem muitos amigos. “Nunca sofri bullyng. Sempre fui muito extrovertido. Fui fazer pós-graduação no Rio de Janeiro e, gordinho, fui o primeiro da turma a se casar e ainda trouxe uma carioca comigo”, brinca. O ponto de mudança foi quando ele, em uma viagem de trabalho de um mês na China, em outubro de 2010 e se sentiu deslocado por ficar apertado no avião. “Lá me senti incomodado e resolvi que ao voltar, eu faria a redução de estômago”, afirmou. O corpo já começava a apresentar os resultados da obesidade e da vida sedentária. Ele estava com hipertensão, glicemia alta e sentia muita fadiga, por isso, com aval de médicos, no dia 30 de novembro de 2010, ele fez a primeira cirurgia bariátrica, acreditando nas histórias que lhe contavam de que o processo era seguro, sem muitas complicações e que iria embora para casa no mesmo dia. Seis dias após a cirurgia, ele passou a sentir umas pontadas e quando, a dor estava no limite do delírio, Everton voltou ao hospital. No dia 7 de dezembro, teve que fazer a segunda cirurgia para correção, pois teve fístula gástrica e intestinal. No dia 13 de dezembro, ele entrou em coma induzido, teve falência de órgãos, derrame pleural duplo, parada renal, foi entubado e passou por traqueostomia. Em janeiro, ele voltou do coma. No período em que estava inconsciente, foi operado pela terceira vez. Em fevereiro, o advogado deixou o hospital e ficou até setembro de 2011 em home care. Neste período teve escaras na cabeça e no corpo, por ter de ficar muito tempo deitado. Everton teve que reaprender a andar, pois no período entre a cirurgia e a alta perdeu 37 kg. No início da recuperação, ele gastou R$ 3 mil mensais com suplementos vitamínicos. Até hoje gasta muito, cerca de R$ 1 mil por mês. Everton ainda teve despesas com fisioterapia, psicólogo e personal trainer. “Eu tinha medo de comer. Quando consegui comer uma almôndega foi uma vitória. Hoje eu tenho 25% do estômago de uma pessoa comum”, disse. No dia 30 de julho de 2013, Everton sentiu novamente as consequências da cirurgia bariátrica. Ele teve o abdome aberto da linha da virilha até o peito para retirada de 636 ml de um líquido infeccioso. “Fui uma exceção à regra. Quando você vai para UTI no quadro que eu estava, você pega o beco para o céu ou para baixo. A cirurgia bariátrica é uma solução quando dá certo, mas ela também pode ser um calvário”, diz com autoridade de quem sentiu no corpo os resultados negativos da redução do estômago. Em entrevista ao MidiaNews, o endocrinologista Marcelo Maia alertou sobre os riscos da banalização da cirurgia. “Já vi gente que engordou 18 quilos para operar. Você acha isso normal? Gente que, se perdesse 12 quilos não, ia precisar operar! Uma pessoa que faz isso ainda está com cabeça disturbiada”, afirmou. Ele diz que o operado vai viver tomando suplemento vitamínico para o resto da vida. A cirurgia é uma mutilação, um corte no estômago. “Vai te trazer benefício, mas também complicação no estômago. As pessoas precisam estar conscientes disso, mas ao invés disso tratam como se fosse uma lipoaspiração, ‘vou ali dar uma cortadinha no estômago’, não é assim”, alertou.
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