Os 49 bovinos abatidos, por terem convivido com animal sob suspeita, tiveram exame negativo
Depois de uma semana tensa no segmento pecuário mato-grossense, o otimismo volta, pouco a pouco, a fazer parte do dia-a-dia do mercado local, especialmente na região oeste, onde uma suspeita de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), mais conhecida como ‘mal da Vaca Louca’ está sendo investigada pelas autoridades sanitárias federal e estadual. A tranquilidade foi retomada na última quinta-feira (1º), quando o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), anunciou que os 49 bovinos sacrificados e incinerados no sábado passado, pelo convívio com a vaca sob suspeita, tiveram o resultado da sorologia negativo, ou seja, livre da EEB.
Os animais foram sacrificados por pertencer à mesma fazenda de onde saiu a vaca com suspeitas da doença, cujo resultado definitivo virá da Inglaterra e deve ser conhecido no início da próxima semana. Eles deixaram a propriedade em Porto Esperidião (260 quilômetros ao oeste de Cuiabá) para serem abatidos na unidade JBS-Friboi de São José dos Quatro Marcos (320 quilômetros ao oeste de Cuiabá).
Conforme o Mapa, os animais abatidos estavam em plena condição física de saúde e o sacrifício seguiu determinações do protocolo internacional da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Essas cabeças haviam nascido um ano antes e um ano depois da vaca com suspeita de EEB. “Para estes casos, a recomendação internacional prevê a destruição desses animais. Ainda assim, o serviço sanitário também submeteu amostras encefálicas coletadas de todos os exemplares ao teste de EEB pelo Laboratório Nacional Agropecuário de Pernambuco (Lanagro-PE). E, em 30 de abril, todos os resultados foram negativos para a doença”, destaca trecho da nota enviada pelo Mapa.
Como aponta o presidente do Sindicato Rural de São José dos Quatro Marcos e presidente da Associação dos Produtores de Leite (Aproleite), Alessandro Casado, havia muita preocupação na região e a ameaça da doença já estava impactando sobre o preço da arroba bovina, que em menos de uma semana tinha perdido cerca de R$ 2 a R$ 4, conforme mostrado pelo Diário. “Apesar do medo que havia, tínhamos certeza de que se houvesse a confirmação da doença, seria um caso atípico. Saber que os 49 animais que conviveram com o animal doente não têm a EEB, traz um alívio enorme e deve trazer o mercado para o cenário altista novamente”.
Como explica Casado, se a doença for positiva para o animal que apresentou os sintomas, “de certo estaremos diante de um caso atípico e que não trará prejuízos econômicos, ou seja, embargos às exportações da carne que o Estado e ou o país, produzem. Vamos ficar no suspense até que o resultado final saia”. Casado se refere à expectativa pelo exame conclusivo da vaca que apresentou sintomas na fila do abate em março deste ano e que deu origem a todo o processo de investigação que teve como uma das ações, o abate de 49 animais.
Conforme o Mapa, os resultados negativos para as quase cinco dezenas de bovinos sacrificados, “demonstram de forma inequívoca que o animal identificado é um caso isolado e não representa risco algum para a sanidade animal e à saúde pública do Estado e do Brasil”.
AÇÃO - Desde que foi iniciada a averiguação do caso provável de EEB, em Mato Grosso, foram adotadas todas as providências previstas em protocolos nacionais e internacionais. As investigações de campo envolveram 11 propriedades, todas com vínculo de trânsito animal com estabelecimentos onde esteve a vaca analisada. Neste cenário, após inspeção em mais de 4 mil animais, se chegou às 49 cabeças que foram sacrificadas e incineradas.
Essas medidas foram adotadas visando encerrar as atividades de campo, independentemente do resultado conclusivo que ainda está por ser enviado pelo laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), localizado em Weybridge, na Inglaterra.
“Todas as ações foram sustentadas nas recomendações sanitárias do Código de Animais Terrestres da OIE, visando cumprir com os seus dispostos, mantendo assim o Brasil com a melhor classificação mundial sanitária para EEB, que é de risco insignificante. Desde 1990, o Mapa aplica medidas de prevenção e vigilância dessa doença, que são atualizadas constantemente, em consonância com as informações científicas disponíveis e as recomendações da entidade internacional”, reforça nota do Mapa.