Flores amarelas, flores vermelhas... de tecido? Em uma caixa de papelão forrada de papel de presente floral. A campainha me chamou e vi no portãozinho (o portão que é menor que o portãozão), ao lado do pé de hibisco, um senhor curvado, um saco de sacaria (de que mais seria?) e a caixa na mão.
-Aceita Nossa Senhora?!
Não foi só o portão que abri; aquela imagem me salvou!
As fitas, as flores, o colorido e o portador da imagem de Nossa Senhora Conceição de Aparecida abriu-se em raios que nem as mais avançadas das técnicas e tecnologias de computação gráfica poderiam criar. Imagética de uma cultura que portava o Divino! Tudo que parecia opressor, mesquinho, desumano, material se perdeu por uma sensação que minhas palavras não saberiam se combinar para fazer algum sentido.
Maria visitou minha casa e me transformou de vítima a lutador de mim mesmo.
Levou o que pude ofertar...
Cento e três anos alegou que estava fazendo neste dia, este senhor bastante corcunda. Bateu o pé seguidamente e bem forte e se foi, muito digno de ser portador de Maria.
Guilherme Vargas.
Professor, contista, poeta.