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Estudantes de Medicina da Unemat protestam hoje em Cuiabá
Por http://sosmedicinaunemat.blogspot.com.br/
18/08/2014 - 07:27

Foto: http://sosmedicinaunemat.blogspot.com.br/

Os estudantes de Medicina da Unemat fazem uma mobilização nesta segunda-feira, 18, em Cuiabá, em protesto por melhor qualidade de ensino. Pela manhã, um ato em frente ao Palácio Paiaguás marca o pedido por soluções. À tarde, a manifestação segue para a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e Praça 8 de abril. Os alunos declaram que o movimento é apartidário, sem líderes e independente.

De acordo com os acadêmicos do curso, desde 2012 a Reitoria da Unemat promete, mas não cumpre. Uma das promessas é a entrega dos blocos de laboratórios, garantida para três datas, todas adiadas. Foram adquiridas apenas algumas peças artificiais de laboratório, e as anatômicas humanas, indispensáveis ao aprendizado médico, continuam inexistentes. Além disso, falta biotério e espaço físico para aulas, e as salas são disputadas entre professores.

Sobre os docentes, mesmo com o concurso público feito este ano, a demanda não foi suprida, e ainda existem disciplinas sem aula. Além disso, parte dos profissionais não recebeu treinamento para a metodologia PBL, o que dificulta o aprendizado. Para os estudantes, este é um exemplo de descaso com o compromisso firmado pela gestão da universidade.

A biblioteca também está defasada, com livros antigos e muitos títulos indisponíveis para atender à demanda do curso, que já conta com cinco turmas. 

Os alunos também reclamam que o projeto pedagógico é defasado e incompleto, e a entrega dos planos de ensino muitas vezes não ocorre. Falta planejamento e infraestrutura.

Outra demanda são os convênios. Sem hospital-escola, os estudantes chegaram a ser barrados em atividades nas instituições de saúde, o que gera constrangimento e defasagem no aprendizado. A falta de convênios também impediu aos estudantes o acesso a algumas vacinas, fato que os expõe a riscos.

A gestão da Unemat, que discursa sobre ensino de qualidade e necessidade de pesquisas, não proporciona o mínimo para que os estudantes desenvolvam artigos científicos. Não existe internet wi-fi no campus, e os alunos não têm acesso à base de periódicos da área médica.

Além dessas urgências, os alunos reivindicam, em médio prazo, restaurante universitário e transporte coletivo entre os campi, soluções que beneficiarão também outros acadêmicos da universidade.

LUTA DOS ESTUDANTES É ANTIGA

Desde 2012, a imprensa divulga manifestações e denúncias feitas sobre as irregularidades no Curso de Medicina da Unemat.

Há dois anos, foi divulgado na mídia que o Governo do Estado queria implantar o curso de Medicina para o campus de Cáceres da Unemat com gasto de R$ 9 mi no primeiro ano, com infraestrutura completa.

Em agosto de 2012, ocorreu a aula inaugural do Curso de Medicina da Unemat. À época, o governador do Estado, Silval Barbosa, fez uma declaração marcante ao jornal Diário de Cáceres e disse que “Os novos acadêmicos não precisam temer falta de estrutura. Foi tudo muito bem pensado e organizado”. O governador garantira que o curso nasceria estruturado, com hospitais para estágio, convênios com o Estado e o município.

Tais promessas não foram cumpridas, e deficiências e irregularidades começaram a aparecer já no primeiro semestre. Os alunos fizeram denúncia, fato que repercutiu nacionalmente. Na época, a reitoria prometeu professores, equipamentos e laboratórios, mas a demanda, no entanto, persistiu.

Em 2013, ocorreu nova onda de protestos. Em fevereiro, a imprensa noticiou que 20% dos estudantes desistiram do Curso por falta de estrutura. À época, a gestão da Unemat alegou que equipamentos de laboratório suficientes foram adquiridos e que os laboratórios eram apropriados, fato que não corresponde à realidade.

Em junho daquele ano, depois de quatro meses sem soluções, os estudantes novamente protestaram. A resposta da gestão da Unemat foi a de que aqueles que não estivessem satisfeitos, que se retirassem. A postura foi duramemente criticada na mídia nacional, repercutindo em jornais como O Globo.

Após a crise, foram feitas novas reuniões com os reitores  Adriano Silva, em 12 de junho de 2013, e seu sucessor Dionei Silva, em 26 de março de 2014. Nas duas ocasiões, os reitores prontificaram-se em ouvir as angústias dos alunos e garantiram que as irregularidades seriam definitivamente sanadas.

Passados cinco meses após a última reunião, as deficiências persistem.  Após dois anos de reivindicações e promessas não cumpridas, os estudantes revoltaram-se e declararam greve por tempo indeterminado na última quarta-feira,13. Eles afirmam que só voltam às atividades quando todos os problemas forem, finalmente, solucionados. Na última semana, o Ministério Público abriu inquérito para investigar o caso.

 

 

UEL declara apoio
 
O Centro Acadêmico Samuel Pessoa (CASP), da UEL, declarou apoio à greve dos estudantes de Medicina da Unemat e solidariza-se com a nossa luta por condições mínimas de infraestrutura e recursos humanos para que tenhamos um ensino público de qualidade.

Além da UEL, estudantes de Medicina de outras universidades do país também declararam nesta semana apoio à greve. Cientes do grande desafio que é a profissão, os futuros colegas médicos entendem nossa luta por um ensino se qualidade.

Agradecemos a todos que curtem a página e ajudam a divulgar a situação crítica que, infelizmente, enfrentam hoje os estudantes da Unemat.

Conheça alguns dos Centros Acadêmicos de Medicina que manifestaram apoio em público:

Movimento cresce, veja apoiadores
 
 

 

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