Sempre achei que decidir é um dos atos mais difíceis para
a maioria dos seres humanos.
Pelo menos para mim, toda e qualquer decisão é emocionalmente onerosa e extremamente perturbadora. Talvez por ter aprendido a jogar xadrez antes mesmo de ser alfabetizado.
Mexer uma peça no jogo envolve planejamento, paciência, controle emocional e até custo-benefício na permuta do jogo. Creio que tenha vindo daí a dificuldade para tomar as grandes decisões na minha vida.
O jogador de xadrez não pode vacilar em seu raciocínio,
pois corre o risco de perder a partida em apenas três lances.
Há momentos em que emperramos para tomar certas decisões que, de tão simples para a grande maioria das pessoas, parecem intransponíveis para outros.
Nesse momento, para uns, surge a necessidade de um amigo para ajudar e entender a catarse evidente.
Outros apelam para a religião, em busca da paz espiritual para decidir da melhor forma possível.
Alguns terminam no divã de um psicanalista. O pior é que sabemos que não nascemos com essa dificuldade para tomar decisões.
Elas são adquiridas através da educação, da cultura e do meio ambiente em que fomos criados. Admiro as pessoas que sem o menor sofrimento decidem e resolvem grandes problemas. O certo e o errado, se é que existem, passam a ser meros detalhes.
Diz a sabedoria popular que para cada problema existe uma solução. Uma solução envolve o decidir – meu Calcanhar de Aquiles.
Mas, disposto estou para superar essa fraqueza, pois, como já dizia Pascal, “o homem não passa de um caniço, o mais fraco da natureza, mas é um caniço pensante”.
E, pensando racionalmente, quem sabe não darei um xeque-mate no meu Calcanhar de Aquiles?
Meu lema daqui pra frente será a máxima de Cora Coralina: “Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.”