Mais de 15.800 casos suspeitos de zika vírus foram notificados somente este ano em Mato Grosso. O número já supera o de todo o ano passado que foram 9.123 casos. Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde, que revelou ainda que o número pode sofrer alterações devido ao atraso das atualizações dos municípios. Outro dado que chama a atenção é que, segundo a secretaria, pelo menos 66 municípios estão classificados com alto risco da doença. Lembrando que estudos relacionam a infecção por zika vírus com casos de microcefalia (bebês que nascem com o cérebro menor do que o normal). Até o dia 19 de março, haviam sido confirmados 13 casos de microcefalia do Estado, sendo que outros 110 estão sob investigação.
Tanto o zika vírus como a febre chikungunya e a dengue são doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti. Os relatórios da Secretaria de Saúde apontam ainda que no caso da dengue, por exemplo, as notificações aumentaram em quase 200% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 17.225 casos de dengue até março de 2016 e no mesmo período de 2015 foram 5.909 notificações. Sobre a febre chikungunya foram registrados este ano 810 casos suspeitos. No ano passado foram 316 casos.
Os altos índices que chegam a assustar fez com que a população entrasse em uma guerra contra o mosquito transmissor das doenças.
O Estado e os municípios tem se mobilizado contra o mosquito causador das doenças. Várias cidades tem realizado mutirões de conscientização no combate ao aedes aegypti. Em Tangará da Serra (242 quilômetros de Cuiabá), por exemplo, os moradores que mantêm o quintal sem nenhum criadouro do mosquito Aedes aegypti recebem o selo de Residência Nota 10. Segundo a prefeitura, o projeto refletiu na queda dos números de casos das doenças no município. O secretário de Saúde, Itamar Bonfim, afirmou que de fevereiro para março com a ação, houve redução de 202% dos casos de dengue notificados e em 288% as notificações de zika vírus.
Em nível estadual a guerra contra o mosquito ganhou um incremento tecnológico. Trata-se do “Xô Aedes”, um aplicativo para celular com sistema Android, que já está disponível gratuitamente pelo Google Play. Com ele, as pessoas podem fazer denúncias, fotografando locais com focos de reprodução do mosquito.
“Eu acho que tudo que fizermos para combater o mosquito é válido. Mas essa guerra vai além da população. É necessário que as prefeituras fiscalizem os terrenos baldios que são potenciais criadouros do mosquito”, afirmou Glória Aparecida dos Santos.
Neusa Cristina de Arruda que já teve dengue diz que aprendeu a lição da pior forma possível. “Tive que ficar doente para aprender o quanto é importante fazermos nossa parte. Às vezes não damos importância a um mosquito tão pequeno, mas ele pode até matar”, disse Glória. (